sábado, 16 de fevereiro de 2008

São os recursos humanos, prefeito...

Em 1992 os Estados Unidos passavam por uma de suas mais graves recessões financeiras. Era ano eleitoral por lá e o George Bush pai acabara de ganhar a guerra do Iraque contra Sadam Houssein; popularidade em alta. Estava tudo dando certo para ele se re-eleger presidente americano.

Mas no meio do caminho havia o (então) jovem governador do Estado de Arkansas, Bill Clinton.
Muito bem assessorado Bill vislumbrou o "caminho das pedras" para sua eleição, e cunhou a frase que entrou para a história: "... é a economia, estúpido...". Concentrando seu discurso de campanha no combate ao desemprego e na recuperação da economia, Clinton não percebeu nem a sombra de Bush pai.

A revista VEJA que começa a circular hoje traz uma reportagem muito interessante sobre a qualidade de vida na cidade de Helsinque, capital da Finlândia, na Europa. A título de informação cultural/religiosa e de crença, principalmente das crianças: é na Finlândia que fica a região da Lapônia, a terra do Papai Noel.
A seguir um pequeno trecho da reportagem.


Por que a Finlândia tem a melhor escola do mundo.
Thomaz Favaro, de Helsinque

Quem entra numa escola na Finlândia se espanta com a simplicidade das instalações. Era de esperar que o sistema educacional considerado o melhor do mundo surpreendesse também pela exuberância do equipamento didático. Na verdade, na escola Meilahden Yläaste, em Helsinque, igual a centenas de outras do país, as salas de aula são convencionais, com quadro-negro e, às vezes, um par de computadores. Apesar do despojamento, as escolas finlandesas lideram o ranking do Pisa, a mais abrangente avaliação internacional de educação, feita pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O último teste, em 2006, foi aplicado em 400 000 alunos de 57 países. O Brasil disputa as últimas posições com países como Tunísia e Indonésia. O segredo da boa educação finlandesa realmente não está na parafernália tecnológica, mas numa aposta nas duas bases de qualquer sistema educacional. A primeira é o currículo amplo, que inclui o ensino de música, arte e pelo menos duas línguas estrangeiras. A segunda é a formação de professores. O título de mestrado é exigido até para os educadores do ensino básico.

...
Enqüanto isso acabei de ver estampados em outdoor gigantesco os dados considerados como sinal de avanço na qualidade de educação da minha Sobral:
5 novas modernas escolas construídas
11escolas reformadas e ampliadas
55 novas salas de aula

... Nem um minguado dígito ou uma sílaba sequer sobre investimentos nos recursos humanos da educação.

Parabéns!

Quando o movimento grevista unificado das universidades estaduais cearenses estava no seu momento maior de tensão, com parcela significativa dos docentes se manifestando de forma muito pouco participativa, em uma assembléia do SINDIUVA eu disse que nosso movimento era refém dos estudantes. Naquele dia não fui muito bem entendido por alguns colegas docentes.

Hoje, após termos sido recebidos pelo governador, termos sentido o seu propósito firme em responder às nossas demandas, e em tempo muito rápido, se Deus quiser!, reafirmo o meu pensamento de então, acrescentando: foi muito bom que tenhamos ficado reféns dos estudantes, porque se nenhum deles tivesse entendido a necessidade da paralisação, se nenhum deles tivesse assumido o risco de sair das salas de aula, mesmo das disciplinas que continuaram sendo ministradas, certamente teríamos sofrido interpelação judicial já no nascedouro de nossa luta.

Como aconteceu na paralisação anterior em fins de 2006.

Muito obrigado, portanto, ao Mikael, à Fernanda, ao Diego e a muitos outros colegas estudantes ( sou estudante de Direito) da UEVA que ousaram e criaram o MELUR (movimento estudantil luta e resistência), e somaram forças com os docentes desde a primeira hora, na luta por uma uma universidade de qualidade para toda comunidade acadêmica; e por extensão, para melhores respostas à sociedade civil, a que mantém com seus impostos pagos todas as estruturas públicas da nação.

Ah, e além do muito obrigado!, parabéns a vocês! E que estejamos, mesmo sem ser escoteiros, SEMPRE ALERTAS!. Ganhamos juntos uma grande batalha, mas ainda há muito queconquistar. E vamos conquistar, alguém duvida?

Web-log: blog

No raiar do III milênio, nascimento do século XXI, o século da informação e do conhecimento globalizados, ironicamente, os meios de comunicação, principalmente os impressos, estavam se tornando cada mais restritivos ao livre pensar e comunicar.

A constatação dessa realidade?: por razões econômicas ( pelo menos essa tem sido a explicação do patronato da mídia) os espaços de divulgação de artigos, crônicas, reportagens, opiniões, enfim, foram ficando cada vez mais restritos, ao ponto de se "tabelar" o número máximo de caracteres digitados em cada texto. E a coisa foi ficando difícil para quem tinha ou tem o que dizer, livremente, sem amarras de espaços de edição pré-definidos ou (pior ainda) censura prévia aos seus textos.

Tudo em nome do lucro fácil, o que é legítimo, admito, sob a ótica do capital; mas prejudicial ao extremo para o papel que todo veículo de comunicação deveria desempenhar: o de informar esclarecendo, com isenção e independência, sempre subordinado aos preceitos legais vigentes.

Aí apareceu um incomodado ( os incomodados é que movem o mundo) com tudo isso lá nos EUA e resolveu criar um diário seu na Internet. Em princípio os weblogs eram só isso: diários pessoais, sem maiores interesses para outras pessoas. Mas logo (todos) os incomodados do planeta perceberam o que se lhes apresentava, e total free: a (única) imprensa verdeiramente livre.

O resto da história dos blogs, independentes, totalmente autorais, portanto, com postagens maiores ou menores, interessantes ou não para quem lê, mas certamente atestado indelével do pensamento dos seus autores; eu dizia, o resto da história só compreenderá, mudando quem sabe seus (pré)conceitos, os que amam a leitura e os que buscam a convivência até com o contraditório, desde que se persiga a verdade das coisas e a justiça entre os homens.

Idéia de gênia

No programa do Amaury Jr., a cantora e ativista Rita Lee teve uma daquelas idéias brilhantes, dignas do seu gênio criativo. Reclamando da inutilidade de programas como o Big Brother,ela deu a seguinte sugestão: colocar todos os pré-candidatos à presidência da República trancados em uma casa, debatendo e discutindo seus respectivos programas de governo; sem marqueteiros, sem máscaras e sem discursos ensaiados.

Toda semana o público votaria e eliminaria um deles. No final do programa o vencedor ganharia o cargo público máximo do país. Além de acabar com o enfadonho e repetitivo horário político, a população conheceria o verdadeiro caráter dos candidatos.

A idéia não é incrivelmente boa? Se você que eventualmente acessa este espaço também gostou, multiplique-a com os os amigos e faça coro pela campanha: Casa dos Políticos Já!

P.S. Pensando aqui com meus botões: seria muito interessante que a idéia da Rita se ramificasse e tivéssemos realities shows com todos os candidatos a cargos executivos; da presidência às prefeituras municipais. Aí sim, teríamos eleições inteiramente democráticas, sem uso de máquina, do poder econômico ou da mídia de publicidade, o mais das vezes enganosa.

Valeu, sra. Roberto Carvalho!

Aos paus mandados: vale a pena resistir e enfrentar

ÚLTIMAS DO MOVIMENTO GREVISTA DAS IES DO CEARÁ:

No último dia 14/02, 2 dias após o encontro do movimento unificado com o governador Cid Gomes, realizou-se a primeira reunião de Negociação com o Governo, ficando encaminhado:

1. Criação da comissão de negociação composta por representantes dos três Sindicatos (SINDUECE, SINDIUVA e SINDURCA - ANDES-SN, incluído representante do Piso Salarial), Movimento Estudantil das Universidades, o Líder do Governo, Advogado dos Sindicatos, representantes das administrações da Universidades e o governo (SECITECE, SEPLAG e PGE);

2. Agenda de Audiências/Reuniões - 4 reuniões (2 por semana) no período dos 15 dias, além da audiência com o governador. Os secretários se encontrarão ainda esta semana com o governador para tratar da nossas reivindicações. Simultaneamente haverá reuniões com a SECITECE/SEPLAG para tratar da pauta em geral e na PGE para tratar da implantação do Piso Salarial.

É APENAS UMA VITÓRIA PARCIAL, MAS ESTE AVANÇO É UMA GRANDE VITÓRIA DESTE MOVIMENTO UNIFICADO DE PROFESSORES E ESTUDANTES DA UNIERSIDADES ESTADUAIS DO CEARÁ.

PARA CHEGARMOS À VITÓRIA TOTAL EM RELAÇÃO A NOSSA PAUTA É FUNDAMENTAL A MANUTENÇÃO DO ESTADO DE MOBILIZAÇÃO E ALERTA. SUGERIMOS QUE AO RETORNARMOS ÀS AULAS POSSAMOS REALIZAR UM DIÁLOGO COM OS ESTUDANTES, FAZENDO UMA MEMÓRIA DA LUTA NESSES 3 MESES E DESTACANDO A IMPORTÂNCIA DA ORGANIZAÇÃO COLETIVA DO POVO PARA A GARANTIA E AVANÇO DOS SEUS DIREITOS.

O que é que é UM mas promete 1000?...

... E olhe que estamos no século XXI, o do conhecimento universal, direito de todos, indistintamente. Ainda assim, aqui no torrão natal (Sobral), ainda somos surpreendidos com discussões, na tribuna da câmara, entre ditos representantes do povo, disputando a primazia do apoio de cabos eleitorais; como se eles votassem mais de uma vez em cada eleição.

Alguns dias atrás, depois de ter ouvido no rádio a gravação de uma dessas polêmicas na câmara de vereadores ( ...enqüanto isso tudo e mais um pouco que o executivo manda para lá é aprovado sem qualquer questionamento; como o aumento de 17% na tarifa de água e esgoto aprovado em tempo "flash" pelos nobres edis no ano passado), inquiri o radialista, titular do programa: rapaz, não tem nenhum ouvinte seu que se indigne publicamente contra palhaçadas como as encenadas no plenário 5 de julho? E ele me respondeu: não tem não, meu amigo, porque a praxis política por aqui não mudou nada desde os tempos dos coronéis.

Só falta mesmo voltarmos ao tempo em que o eleitor incauto, coitado, recebia a cédula de voto já preenchida pelas mãos dos capangas (hoje cabos eleitorais) com o nome que lhes interessava, e perguntava inocentemente: em que eu estou votando? E recebia a resposta: você não pode saber, a eleição é secreta.

Que vergonha, senhores vereadores de Sobral! Quando é que os senhores vão se dar a respeito? Que exemplo triste os senhores estão dando para as novas gerações? O que é que os senhores dizem para seus filhos quando chegam em casa? Tomara que eles, "surfando" nos livros ou na Internet, descubram que o verdadeiro exemplo de comportamento sério não é bem o que os senhores têm dado para eles.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Olha os cartões corporativos por aqui, gente!

Seria até inocência imaginar que os tais cartões de crédito corporativos, que têm faturas pagas por nós, contribuintes, não estivessem espalhados nas mãos dos apaniguados do poder, do Oiapoque ao Chuí.

No meio desse caminho ( não tão no meio geograficamente ), claro, estamos nós em Sobral. E não é que alguém já descobriu pelo menos 6 desses "cheques em branco" nas mãos de conterrâneos?

Se alguém mais arguto quiser rastrear mais profundamente, basta procurar as representações de orgãos federais intaladas em Sobral. Quem sabe não se encontra também a explicação para "riquezas over night" ( da noite para o dia) de figurinhas carimbadas que nunca deram muito mais que um prego numa barra de sabão em toda sua vida.

Só tem um caminho. A Educação

Meu blog, como imagino qualquer blog, não deve ser espaço exclusivo de manifestações pessoais. No meu caso tenho todo interesse em "interagir" com as idéias dos outros, em particular de pessoas inteligentes e preocupadas com a cidadania.
O professor Praciano é um deles. Abaixo vocês poderão ler um texto de sua autoria; é um pouco extenso, mas vale a pena lê-lo até o fim.
A Revalorização da Escola
Tarcisio Praciano Pereira
Professor de Matemática - Univ. Estadual Vale do Acaraú - Sobral - Ceará

Em artigo públicado no jornal "o estado de são paulo" Amélia Império Hamburger e Ernst W. Hamburger, professores do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, chegam a conclusões que venho repetidamente apresentando em artigos, e-mails na internet: "Qualquer experiência em educação mostra os complexos problemas da valorização do trabalho dos professores, dos cursos de licenciatura e das múltiplas providências nas escolas: planejamento e investimentos em gestão, equipamentos, manutenção (inclusive de laboratórios), novas instalações."
A conclusão é a óbvia e experiências citadas no artigo dos dois professores corroboram a verdade na frase citada acima. O Estado de São Paulo, e no artigo citado os exemplos se repetem, investiu pesadamente em educação até um algum tempo atrás. O trágico é observar que a ausência deste investimento continuado conduz rapidamente à degradação da Escola e da Sociedade, e podemos constatar que hoje o Estado de São Paulo é palidamente o que foi há alguns anos atrás acompanhando a sociedade o desmonorar da sua escola pública.
O Estado do Ceará é um exemplo que acompanha o estado sulista, com números menores, mas com uma correlação estatística visível. Na mesma proporção como a Escola Pública se deteriora, também se deteriora a Sociedade.Eu tenho com frequência discutido com alunos que me procuram para escrever monografias cujo tema seria "a melhoria do ensino de Matemática". A minha primeira tentativa é convencer o orientando de que o problema não se encontra na melhoria do Ensino, em si. O problema é mais profundo, como atestam os maus resultados, generalizadamente, em todos os departamentos da Educação, portanto a questão não é de métodos para ensinar Matemática.
Os autores, embora sem a devida enfâse, mostram a correlação entre a desvalorização do professor, desvalorização salarial, desvolorização sistêmica, na ausência de concursos e de existência de cargos efetivos nas insttituições educacionais. Na frase "A desvalorização e a desorganização da profissão de professor, nos anos 70, não foram ainda compensados. A não existência de carreira e a suspensão de concursos públicos por vários anos atingiram o prestígio social da profissão. A formação dos professores e os ambientes escolares deixam muito a desejar." fica claro o ponto central do problema educacional:1) A ausência de uma carreira valorizada produz um desmerecimento natural do profissional, professor, frente aos seus alunos. Afinal, se o mestre é um condutor, um mentor, um mostrador de caminhos, e ganha mal, então o aluno, seu orientando no Ensino Médio ou Ensino Fundamental, não podem ver no mestre quem lhe possa apontar um caminho, sugerir um futuro. A consequência é uma Escola de frustações para o jovem adolescente. 2) Da mesma forma para o aluno de graduação em nossas Licenciaturas, a perspectiva de um trabalho desvalorizado e incerto, deixa de ser uma motivação para que o nosso aluno, na Universidade, tenha garra e interesse para estudar. A consequência é uma destruição paulatina da profissão de professor.É este círculo vicioso que precisa ser quebrado. Os autores dizem o que nós temos dito muitas vezes, "Melhorar a Educação no Brasil, vasto território com 60 milhões de estudantes e 1 milhão de professores, exige compromisso de todos os níveis de representação da sociedade, com clareza de objetivos em relação aos conteúdos e para uma sociabilidade democrática nas escolas." É uma pena que não tenham complementado a idéia, claramente:1) É imprescindível alterar significativamente a remuneração dos professores.2) É essencial estabelecer a carreira, com moldes claros de segurança, cargos efetivos, com uma progressão bem definida na carreira, sem uma preocupação grotesca de fiscalização mas sim uma clara compensação financeira pelos avanços adquiridos nos conhecimentos e na experiência adquirida por parte do professor.3) Investir sériamente na Escola, como instituição, criando nela os ambientes necessários ao cenário educacional, laboratórios, teatros, quadras de esporte, salas de aula dignas e próprias para o fazer educacional.4) Copiar o que acontece nos países chamados desenvolvidos, e mesmo em países vizinhos nossos, como Chile (mesmo que não tenhamos fronteiras comuns), a escola de tempo integral, para, durante algum tempo minorar a miséria familiar criando condições para que o futuro cidadão não seja uma cópia do seus falidos pais.5) Como nos encontramos num verdadeiro estado de crise, e não será possível pensar numa redenção da Escola sem redimir o núcleo familiar, a Escola durante um tempo não curto terá que ser responsabilizada pela ação social dirigida para o núcleo familiar para garantir que a ação da Escola sobre o aluno possa ter efeito.Os autores também apontam um problema que não é da Escola em si, mas da estruturação da sociedade, a falta de continuidade de projetos, quando se se referem, em particular à Escola, dizendo "Muitas escolas públicas desenvolvem bons projetos, mas são interrompidos. Não atingem escala necessária para causar mudanças duradouras. Citamos algumas ações que, no passado, foram significativas com professores nas salas de aula."
Os projetos que a Escola podem produzir, avalizados e recebendo o apoio econômico do poder público, podem ter repercursão profunda a relativo curto prazo. Vejamos um exemplo, a Escola ensina biologia e ciências e pode estender à sociedade as consequências do seu ensino levando, aos pais, ao poder municipal, e à sociedade onde ela estiver inserida, a preocupação ambiental e as soluções para os problemas ecológicos, como aplicação imediata do seu ensinamento. Desta forma estaremos vendo que o investimendo na Escola se pode transformar a curto prazo numa alteração profunda do meio ambiente, desde que a escola seja prestigiada, volte a ter o seu respeito restaurada para que quando fale seja ouvida e tenha meios para levar para a Sociedade os mecânismo de aplicação do seu conhecimento. Este último item significa ver na Escola uma instituição que aplica os seus conhecimentos como forma de práticar o ensino que produz e portanto ela tem que ter uma verba assignada para que possa fazer esta prática. É concluir que a Escola não é um brinquedo mas sim um forte instrumento transformador da Sociedade.Agora, para que isto se torne uma realidade não podemos esperar de um professorado mal pago, sem perspectivas claras de uma carreira bem estruturada que lhe de a sensação de que tem uma profissão, que é uma profissão séria e segura. Também não se pode esperar que isto se realize quando o prédio em que funciona a escola não merece respeito, não é um local agradável de se estar e trabalhar. Tão pouco se pode esperar que a escola tenha repercursão se ela não puder oferecer, no alcance do seu braço, um apoio respeitável ao educando que a procura (ou é empurrado para ela).Estão mentido os administradores da coisa pública, dizendo que procuram uma sociedade melhor, sem insegurança, quando não investem claramente e pesadamente na Escola, no seu corpo docente, na sua infra-estrutura.
ReferênciaEnsino de Ciências - caminhos conhecidos.
Quarta-Feira, 13 de Fevereiro de 2008 - Jornal "O Estado de São Paudo

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Pois é: imprensa chapa branca tem no país todo

Não há ideologia que justifique

Eu ainda acredito, como diz o Millôr, que imprensa é oposição, o resto, armazém de secos e molhados (para quem chegou ontem: pequena loja de bairro, precursora dos supermercados). Acho o jornalismo uma das mais nobres profissões, sobretudo em sua filosofia básica; o mesmo eu poderia dizer da filosofia da profissão médica, por exemplo, embora, numa e noutra profissão, muitos nem percebam a glória do que fazem, tornando-se indignos da "missão" que exercem.

Pode ser efeito colateral do joelho quebrado, pode ser ataque de saudosismo, mas o fato é que já vivi um tempo em que o, digamos, “ecossistema”, me dava mais alegrias. É claro que havia, como sempre houve, jornalistas a favor – há quem diga a soldo -- do governo. Bajular os poderosos dá lucro, quando não prestígio, que tantos perseguem.

Mas as águas de então estavam bem divididas: eles eram “eles”, nós éramos “nós”. Havia um inimigo comum. Além do que, e não é pouco!, tínhamos menos de 30 anos, às vezes pouco mais de 20. “Eles” tinham colunas e empregos públicos, candidatavam-se, enveredavam pela política sem constrangimento. “Nós” acreditávamos, sem duvidar, que o papel da imprensa era combater a ditadura, e que, derrotada esta, estariam derrotadas também a corrupção e a impunidade. Ganhávamos pouco, às vezes ridiculamente pouco. Não chegávamos, como a Amélia, a achar bonito não ter o que comer -- mas não faltava muito para isso.

Até que, um dia, apareceu um agrupamento político chamado PT, e o meio de campo começou a embolar. Isso não ficou claro à primeira vista, pelo menos não para aqueles de nós que ou éramos mais ingênuos, ou já não andávamos diretamente envolvidos em política. Eu me enquadrava nas duas categorias, e ia em frente. Mas minha ficha caiu quando, um dia, voltando de uma feira de tecnologia, com a jaqueta enfeitada com lindos pins e buttons de sistemas operacionais e de chips, levei um dedo no nariz de uma estagiária do JB que, até então, me parecera boa pessoa:

— Por que não está usando o button do PT?!

Levei um susto. Aquele gesto e aquela voz autoritária podiam ter saído de qualquer zona histórica "alienígena", sinistra.

— Exatamente por causa disso, respondi, mas acho que ela não entendeu. Eu, porém, entendi. Não havia mais "nós" e "eles". Havia patrulha e rancor, também entre "nós". Não havia mais o bom combate ou o livre pensar; havia apenas uma ideologia, como todas muito cômoda, construída com bloquinhos de lugares comuns que não exigiam grande raciocínio de ninguém. Ai de quem não compactuasse.
* * *
Quando Lula ganhou as eleições, achei que o mundo das redações voltaria à normalidade. Poder é poder. Imaginar que existe poder "de esquerda" é de uma ingenuidade que não combina com o cinismo e a desconfiança que, em tese, andam de mãos dadas com o jornalismo. Mas, obviamente, maior ingenuidade ainda é supor que quem se ajeita a uma bitola ideológica, por interesse ou por idealismo, guarda alguma capacidade de pensar por conta própria. Sobretudo quando a tal bitola começa a se mostrar lucrativa.
* * *
Já me prometi mil vezes não falar mais nisso e esquecer que hay gobierno soy contra, até porque o governo não está nem aí para o que nós, imbecis também conhecidos como contribuintes, achamos ou deixamos de achar. Quando o sangue me ferve nas veias (vale dizer todos os dias, quando pego o jornal), brinco de faz-de-conta: tento acompanhar o noticiário como se morasse em outra galáxia. O diabo é que há coisas que não há Star Trek que resolva. Agora mesmo, não sei o que me deixa mais perplexa e indignada na farra dos cartões corporativos, se o roubo descarado do nosso dinheiro, ou o contorcionismo mental de colegas, que já considerei gente de boa reflexão, tentando defender essa nojeira.

Os argumentos são espantosos. Aquela ex-ministra racista, que acha tão normal negros odiarem brancos, está, obviamente, sendo vítima de pessoas que não a conhecem; ora, se até o Zé Dirceu já garantiu que ela não agiu por má-fé! Roubou sem querer, a coitada, e a Grande Imprensa, branca e machista, lá, nos seus calcanhares. O outro comprou uma tapioca de míseros oito reais, e a Grande Imprensa, uivam os jornalistas amestrados, dá o fato em manchete. Como se o que estivesse em discussão não fosse o como, mas o quanto. Para não falar na eterna ladainha do governo, repetida como um press-release que, a essa altura, sequer tem o benefício da novidade: “na época do FhC era a mesma coisa”. Mas, perdão: não foi para isso que a atual corja foi eleita?! Para mudar tudo o que estava errado?! Para implantar um sentido ético no trato da coisa pública?!
* * *
O pior é que tanto faz quanto tanto fez. Enquanto o nosso dinheiro paga qualquer leviandade protegido pelo manto putrefato da “Segurança Nacional”, enquanto jornalistas arrastam a profissão na lama defendendo a corrupção, os poderosos, às nossas costas, se entendem. As famiglias ficarão a salvo.

“Eles” venceram


Cora Ronai - Jornal O GLOBO - 14/02/2008

Ser democrático nem é tão difícil assim...basta querer

AUDIÊNCIA DO MOVIMENTO DOCENTE E ESTUDANTIL
DAS UNIVERSIDADES ESTADUAIS DO CEARÁ COM O
GOVERNADOR CID GOMES
Local: PALÁCIO DE IRACEMA (Fortaleza -CE),
Data: 12 DE FEVEREIRO DE 2008 (19:30 às 23:15h)
Presentes:
URCA - Professores Augusto, Fábio e Zuleide (SINDURCA). Alunos Ítalo e Rafaela;
UECE - Professores Célio, Lia, Macário e Rosimar (SINDUECE). Alunos Adriano e Ivan;
UVA - Professores Nicolau e Hélio (SINDIUVA). Alunas Fernanda e
ANDES ANDES-SN - Professora Tânia Batista (Secretaria Regional NE I do AND ANDES ES ES-SN)
DEPUTADOS ESTADUAIS - Nélson Martins, Arthur Bruno Bruno, Teodoro Soares, Lula Morais,
, Raquel Marques, Edísio Pacheco e Roberto Cláudio.
SECRETÁRIOS DE ESTADO - Silvana Parente, Renê Barreira e assessora Socorro Osterne).
VICE VICE-PREFEITO DE SOBRAL - Clodoveu Arruda.
REITORES - Professores Jáder Onofre (UECE) e Antônio Colaço Martins (UVA)
PROCURADORIA GERAL DO ESTADO - Fernando Oliveira (Procurador Procurador-Geral)
CHEFE DE GABINETE DO GOVERNADOR - Ivo Gomes

A reunião iniciou-se com o esclarecimento do Governador Cid acerca da origem desta audiência
que foi solicitada pelo SINDURCA, quando da visita dele ao Cariri. O Governador destacou que a
audiência sinaliza o interesse de continuar o diálogo com o movimento. Disse, ainda, que tomou a
liberdade de convidar alguns deputados estaduais, secretários de governo e reitores das
universidades. Ressaltou que o Reitor da URCA teve problemas de deslocamento e não pôde estar presente. Colocou-se a disposição para ouvir.

Adriano (aluno UECE) - “ Protocolamos no dia 11/janeiro a pauta do Movimento Estudantil (ME). A pauta continha pontos relativos à construção de obras necessárias às universidades. A intenção nesta audiência é principalmente buscar uma definição de prazos objetivos,considerando-se que o início destas obras já está previsto pelo Estado. Algumas obras já estão incluídas no Monitoramento de Ações e Projetos Prioritários do Governo do Estado (MAPP). A intenção na audiência é estabelecer prazos para início das obras, tendo em vista que este início depende basicamente de uma ordem de serviço.”
Governador - “ Relembro que já tive várias reuniões com a presença dos estudantes e talvez vá falar algo repetitivo, mas quero reforçar o já dito. Tenho um desejo sincero de que as coisas possam melhorar nas Universidades Estaduais do CE. Vivi de perto a realidade da UVA quando era prefeito em Sobral, inclusive com o estabelecimento de algumas parcerias importantes. Contribuí, na medida do possível, com investimentos físicos na UVA. Na campanha sempre manifestei preocupação com o descaso histórico que as universidades cearenses têm sofrido. Depois de eleito, manifestei publicamente a decisão de dobrar os investimentos nas universidades estaduais ao longo dos meus 04(quatro) anos de governo. Se antes havia um investimento de 100 (cem) milhões/ano, a meta será agregar mais 100 (cem) milhões até 2010. Isto só será possível por conta da chegada de mais recursos para o Ensino médio através do FUNDEB o que possibilitará um maior investimento no Ensino Superior. Sou um dos principais interessados em dobrar este orçamento em 04(quatro) anos. Sobre os investimentos que o aluno (Adriano) demandou tenho a dizer que estamos trabalhando com um cálculo médio de investimentos ao longo de 04(quatro) anos. Se foram 100 milhões por ano quero que dobre. Em 2007, buscamos arrumar a casa para recompor e organizar os investimentos. Em 2008, queremos investir 150 milhões. Em 2009, 175 milhões e em 2010, 200 milhões. Os reitores têm suas demandas e o movimento também. Assim, sugiro que se realize uma Plenária na universidade para decidir o que fazer dentro dos limites orçamentários. O prazo para utilização dos recursos é de vocês. Vocês decidem. Precisamos apenas legitimar tais investimentos a partir de uma definição de vocês. A URCA foi a única que já teve um reajuste nos investimentos da
ordem de 22%. Em função de uma situação emergencial e específica.”
Nesse momento, o governador pergunta se há problemas em relação à entrada da imprensa para
registro da reunião. Os presentes di dizem que não e vários fotógrafos e jornalistas entram na sala e registram a reunião. Com a saída da imprensa, é retomada a reunião.
Adriano (Aluno UECE) - “Há um reconhecimento por parte das entidades estudantis de que se antes o investimento era da ordem de 2,4%, hoje já é de 2,8%. Ou seja, reconhecemos que há um aumento com um investimento de 185 milhões por parte do Governo Estadual. Porém, existe uma preocupação com o parcelamento deste investimento, tendo em vista que assim ele não irá atender às demandas mais urgentes. Solicitamos, pois, uma antecipação dos investimentos para suprir as carências. Só poderemos atender às prioridades se houver esse adiantamento nos investimentos. O artigo 214 da Constituição Estadual estabelece que deverá ser investido 5% (cinco por cento) ao ano na educação superior e, mesmo ao final de 4 anos, os investimentos só chegarão a 4,8%.”
Governador - “ Temos alguma dificuldades com os números. Vamos ter ingresso de recursos do FUNDEB em termos de 60 milhões de reais. Neste ano (até estou um pouco preocupado, pois ainda não chegou) era para ter chegado 106 milhões. No ano que vem, 130 milhões e em 2010, 180 milhões. Estes repasses é que me dão segurança para a ampliação do investimento. A adoção daampliação parcelada só é possível por conta destes repasses. A antecipação não será possível,
porque o Governo Federal não antecipará as parcelas do FUNDEB. Podemos pegar o caso dos
policiais civis. Eles diziam que tinham os piores salários. Quando fomos checar, vimos que não era
o pior do país. Não quero que o Ceará tenha esta fama. Não quero que ele fique abaixo em
nenhum setor. Ontem mesmo tivemos o dia inteiro num Seminário sobre Educação Tecnológica.
Não é possível que ainda permaneçamos com um sistema que não tem uma boa educação
tecnológica. Já disse e repito: nós vamos fazer um grande investimento em Educação Superior e
mais: não acho pouco dobrar o orçamento da educação Superior. Pode procurar que vocês não vão encontrar nada parecido com isso ao longo da história do Ceará. Isso nunca existiu. O Estado tem inúmeras responsabilidades e precisa lidar com elas também. Acho que não é pouco dobrar o
orçamento das Universidades estaduais em 04 (quatro) anos”
Ivan (Aluno UECE) - “ O governador fala em dobrar o orçamento e propõe que tenhamos uma Plenária para decidir com o que gastar os recursos destinados à universidade, mas me incomoda essa questão da Plenária. Isso porque, nós que estamos lá sabemos que não há democracia para se discutir estas questões. Por exemplo: nós teremos consulta para Reitor e ainda teremos a indicação do Governador. Não é uma eleição. Assim, pergunto: o que o Reitor da UECE está pensando em relação a esta plenária? É bom que ele possa se manifestar aqui.”
Governador - “ O caminho final deste processo é a autonomia. É fazer isto mesmo. Já tive muitas experiências de plenárias. Eu fazia em Sobral reunião com quem quisesse para decidir o que fazer com os recursos que tínhamos. No caso de vocês, a universidade tem mais experiência de democracia do que eu mesmo. Vejam, por exemplo, a questão da paridade. Pode ser paridade,
desde que se tenha disposição para fazê-lo. Na UFC, existe um processo de consulta amadurecido. Se não tiverem disposição para fazer, eu faço. Como vocês vão fazer, é vocês que decidem.”
Rosilmar (Professor UECE) - “ Vou introduzir outro assunto que consideramos importante que é o debate sobre o piso salarial. Antes, quero elogiar o governador que recebe democraticamente os professores para esta audiência. No início do Governo Tasso tínhamos o melhor salário do Ceará. Havia até uma certa comparação de que o salário da UECE era melhor que o da UFC. Infelizmente, hoje temos o pior salário. Neste momento momento, Cid interrompe a fala do professor e diz que o nosso salário não é o pior e que existem outros dois estados com piores salários.
Rosilmar (Professor UECE) - “ Sim, pode até ser, mas isso não justifica a situação de péssimos salários que temos. Precisamos melhorar e até o senhor concorda com isso. Muitos beneficiários do Piso até já morreram. Não há mais para onde apelar, pois o processo já transitou em julgado. O processo já chegou na PGE e só depende do governo implantá-lo. Assim, venho apelar ao Sr. Governador pela implantação do Piso. Pelo número de professores que entraram com a ação do piso não há o que temer em relação a possíveis impactos orçamentários. O que queremos é que a determinação judicial seja cumprida pelo Governo. É importante dizer que isto será bom para a Universidade. Faço um apelo à sensibilidade deste governo para agilizar a implementação do piso.”
Governador - “Vou fazer uma introdução destacando um princípio pessoal: eu detesto questões
judiciais. Detesto mesmo. Tenho pavor a estas questões. Sou favorável ao diálogo e ntendimento.
Já solicitei que o Procurador do Estado procure os presidentes do Tribunal Regional do Trabalho
(TRT) e Tribunal de Justiça do Estado (TJ) para negociar todas as questões judiciais pendentes.
Muitas pessoas desconfiam, mas o que eu tenho é o meu passado. Em Sobral eu tive o mesmo
procedimento e acertei todas elas até o dia 31/12/2004 quando concluí meu mandato de prefeito. Saí de Sobral, sem nenhuma questão trabalhista pendente. O Fernando (Procurador Geral do Estado) deve dar mais detalhes sobre esta situação do Piso.”
Fernando (Procurador do Estado) - “Não há nenhum questionamento sobre o mérito da questão do Piso. O que estamos discutindo é COMO implementar. Há uma divergência se este piso deveria estar ou não vinculado ao salário mínimo. A PGE entende que esta implantação deve ser apenas para aqueles que estavam no regime celetista. Ou seja, até a implantação do regime estatutário. Queremos fazer a implementação, mas o processo está pendente porque há uma divergência de como fazê-lo. Não se discute mais o MÉRITO, mas sim a forma de como implementar.”
Governador - “ Em 1987, o Governador Gonzaga Mota editou um decreto vinculando (indexando) o salário dos professores de nível superior da secretaria de educação (celetistas) com o salário mínimo. Fez isso por decreto. O Fernando fala que não discutimos mais o mérito da questão, e realmente não estamos mais discutindo o mérito, porém se pensarmos bem isto é absolutamente ilegal. Fazer por decreto! Nós vamos implementar sim. E mais: vamos fazer isto PARA TODOS NA UNIVERSIDADE e não apenas para alguns. Porém, como disse o Fernando, há essa grande questão:o que implantar e como implantar. Feitas as contas, os salários de alguns chega até a R$ 50 mil. Nainterpretação do procurador, apenas os celetistas é que têm direito. Repito: não estamosdescumprindo nenhuma decisão judicial.”
Ítalo (Aluno URCA) - “Acho importante discutirmos a Universidade não apenas em termos deestrutura física. Isto não é suficiente. Vou passar a palavra para a Rafaela, também aluna da URCA.”
Rafaela (Aluna da URCA) - “Sou Rafaela, do CA de História da URCA e gostaria de perguntar atodos os presentes qual a concepção de universidade que estamos discutindo? É um escolão de 3o .Grau? A questão não se reduz a Restaurante e Hospital Universitário. Precisamos de Restaurante e Residência (Universitária) hoje e não apenas em 2009. Há uma grande carência e desistência por parte de quem não consegue se manter na universidade. Na verdade, nós não temos uma verdadeira vida acadêmica. Só temos aulas. E isso acontece porque não temos transporte/casa/RU.
Os estudantes têm de arcar com muita grana para se manter na universidade. O que é possível fazer hoje? Para hoje?”
Governador - “ Não é só obra. Eu falei de custeio e salários. Admito, compreendo e estou disposto a melhorar. É até repetitivo. Não posso resolver tudo de uma só vez. Quero melhorar as condições das universidades. Vou dizer de novo: quero dobrar ao final do governo.. A questão é simples: existe um recurso específico e vocês vão decidir o que fazer com ele. O que vocês acharem melhor.São obras, custeio e salários dos professores.”
Célio Coutinho (UECE) - “ Estamos aqui em mais uma audiência. Os professores com o
apoio dos estudantes. Temos vontade política para resolver o impasse. No dia 11/janeiro
protocolamos um documento aqui no Governo. Enquanto movimento já optamos pelos 100%.
Vocês propõem um escalonamento em 4 anos e nós propúnhamos em 2. Neste documento,
reduzimos este prazo para 3 anos. Até agora estamos aguardando a posição do Governo em relação a esta nossa proposta e sobre o documento do PCCV. Tivemos 02 (duas) reuniões com a Secretária Silvana Parente da SEPLAG (07/02/08) e a SECITECE (08/02/08). Foram reuniões bastante produtivas onde pudemos discutir alguns artigos do PCCV, bem como as simulações que fizemos. Chegamos a alguns impasses, que são absolutamente passíveis de resolução. Os dois pontos são o sistema de remuneração e a revisão dos cálculos dos percentuais de escalonamento. Estamos com vontade política para resolver o impasse. Existe a posição de se negociar em greve (nossa) e de se negociar sem greve (Governo). Temos de achar uma alternativa para resolver este impasse. Neste sentido, proponho que tenhamos uma audiência objetiva e produtiva para que possamos levar propostas consistentes para nossa assembléia.”
Governador - “Pois é. Eu preciso repetir algumas coisas. Tenho toda a boa vontade do mundo com as universidades estaduais do Ceará. Minha vontade era ver as universidades de bom astral, para cima, acreditando. Quando eu fiz a declaração de dobrar o orçamento, achei que isso iria acontecer. Tenho enormes responsabilidades. Dou o norte e o rumo das coisas. Não tenho ilusão de que estou presente em todos os lugares do governo. Tenho princípios. Se quebrar estes princípios estarei desmoralizando esta estrutura. 150 categorias profissionais no governo. Todos com legitimidade e argumentos, pleitos e demandas justos. Não tenho ilusão de que vou resolver tudo. Governo que preza pelo diálogo. Primeiro tentei atender a demanda da categoria por uma data-base, que ficou primeiro de julho.. Já no primeiro semestre atendi a demanda e criei uma comissão permanente de negociação e tem funcionado com diversas categorias. Todo mês tem um diálogo. Se abrir mão de negociar com a categoria, vamos induzir outras categorias a fazerem greve. Assim todos vão parar. Eu não estou aqui para negociação, sob pena de amanhã estarmos indicando a greve como alternativa para negociação no serviço público. Vejo com satisfação para sair desse impasse. É possível chegarmos a um bom termo. No entanto, façam um gesto também. Me arrependo de ter feito. Eu não quero negociar só com a UVA. Não quero dividir a categoria. Compreenda o meu lado. Fizemos concessões. Dei aumento diferenciado. A categoria que mais teve aumento em 2007, foi 20%. Estou fazendo gestos. Não entendo que estou radicalizando. Tenho preocupação que a UVA volte nos próximos quinze dias e que gostaria de negociar”.
Professor Nicolau ( UVA ) – “ Gostaria de buscar uma solução para o impasse. Não é o que tem sido a posição do governo. Nas últimas assembléias, os professore têm confirmado a greve porque não vêem uma sinalização e que ainda não foi sinalizado uma proposta suficiente. Sempre apresentado novas propostas para negociação. Nós queremos dizer o que queremos negociar. Gostaria de dizer para os professores que o Senhor quer negociar. Que existe a possibilidade de negociar percentuais maiores. Gostaria de finalizar fazendo duas perguntas e não se sinta pressionado em responder: - O que é possível negociar dentro do documento apresentado? - Hoje é possível sinalizar agenda de negociação, pois para sair desse impasse precisamos levar algo para nossas assembléias. Estamos cientes de que a proposta não é excelente e que precisamos dizer o que pensamos”.
Governador CID - “É possível negociar tudo. É possível negociar os percentuais. Podemos negociar a agenda. Só estou preocupado com 1 ponto, no sistema de remuneração das gratificações. Queremos implantar o piso. Uma coisa é implantar o piso onde o vencimento é nada e outra é reduzir a VPI a 1/12. O governo vai manter a lógica de incorporar as gratificações ao salário base. Não estou querendo fazer uma queda de braço. Estou negociando com os policiais e vou mandar a proposta para a assembléia.. Estou preocupado com a composição do piso com os percentuais das gratificações”.
Professor Augusto - URCA – “ As complementações não atendem a necessidade da categoria, mas acredito que elas podem ser resolvidas dentro dessas simulações. Essa negociação é importante porque a proposta tem que levar em conta a situação dos mestres e doutores das instituições que estão saindo. A URCA, nos últimos anos, perdeu 32 professores e isso é algo desastroso para a construção da universidade na sua plenitude.”
Governador - “Tenho para URCA e UVA uma política específica para assegurar doutores no
interior já acordada com a FUNCAP. Lembrou que o governo precisa negociar e que fez uma
simulação para complementação salarial (VPI) para 1/12. O que custaria 12 milhões na proposta
inicial do governo passaria a cerca de 800 mil. Ou seja, terá um peso bem menor nos salários. Além disso, os novos professores receberão o mesmo valor. Se não está no texto é possível acrescentar”.
Arthur Bruno - “Numa boa negociação, é preciso que cada uma das partes se coloque no lugar do outro. O governo já está sinalizando positivamente para um orçamento participativo no âmbito das universidades. Isto é muito positivo e precisa ser desenvolvido nas universidades. Neste sentido, tendo em vista que o clima de uma Assembléia dos professores não é exatamente o mesmo de uma negociação, é importante que as lideranças sindicais levem algo muito concreto para ser analisado pelos professores. Importante definir pelo menos 3 ou 4 pontos que possam ser acordados entre as partes.”
Lia (Professora da UECE) - “Quero fazer uma retrospectiva de todos os passos que demos ao longo destes últimos anos. Fomos muito bem recebidos pelo governador no dia 1o . de janeiro. A partir daquela audiência, montamos uma Comissão para construção do PCCV. As reuniões ocorriam nas sextas-feiras e depois de alguns meses passamos a nos encontrar quinzenalmente. Chegamos a uma proposta da PCCV e, a partir de setembro, passamos por um momento de silêncio/hiato por parte do Governo que não nos deu nenhum retorno acerca da proposta construída pela comissão. Em novembro, resolvemos, como recurso, para abrir novamente as negociações, entrar em greve. De lá para cá já tivemos alguns avanços: inclusive com a realização de algumas audiências inclusive com a apresentação do PCCV do Governo para as entidades. Assim, chegamos até o dia de hoje e ponderamos a necessidade de resolvermos esta situação, pois não nos agrada termos de continuar em greve diante da nossa intenção de voltar às atividades normais. Mas não queremos voltar de qualquer maneira. Precisamos de algo que realmente represente um novo estímulo para a categoria”.
Neste momento, o Governador disse que com a implementa implementação do piso ele está sinalizando uma ção valorização da categoria. E disse, ainda, que o piso será implantado para todos os professores
Tânia Batista (ANDES ANDES-SN) - “Acho importante destacar dois aspectos fundamentais: 1) o movimento docente tem plena consciência que o processo de reconstrução das universidades do Ceará está apenas começando. Um reajuste salarial e a aprovação do PCCV são apenas passos iniciais de algo muito mais complexo. A qualidade do trabalho acadêmico não é construída da noite para o dia. Reafirmamos que temos essa disposição para construir essa qualidade. Reafirmo as palavras do Célio, Augusto e Nicolau no sentido do desejo de resolução deste impasse que já se prolonga para além do que desejaríamos. Os professores querem
retomar as atividades letivas e, para tanto, precisamos, como nos alerta o Deputado Arthur Bruno, de algo muito objetivo para encaminharmos amanhã em nossas assembléias. Além disso, quando o Governador destaca que imaginava que a decisão de dobrar os investimentos (inclusive salários) seria encarada pela universidade como algo muito bom, tenho a dizer que é preciso se colocar no lugar dos professores que vêm sofrendo ano a ano um processo de desvalorização do seu trabalho e de sucateamento da universidade. As perdas vêm se acumulando a anos e apenas os 100% não resolvem a situação de penúria em que vivem as universidades.”
Lula Morais (Deputado estadual) - “Pela fala da professora Lia, são evidentes os esforços do Governo para negociar e dialogar com os professores. Como sindicalista que sou tenho a dizer que nós precisamos saber quando entrar e quando sair de uma greve. Que o governador já fez muitos gestos de boa vontade. A categoria deveria reconhecer isso e avaliar estas propostas”
Fernanda (Aluna da UVA) - “ A UEVA tem as mesmas necessidades da URCA: construção da residência universitária e restaurante. É preciso efetivar estas duas demandas. Há, ainda, uma urgência na efetivação da plenária para definição das ações emergenciais na UEVA.”
Colaço Martins (Reitor da UVA) – “O reitor fez ponderações sobre o que já está sendo
encaminhado na UEVA, bem como que será possível fazer esse debate na comunidade acadêmica”.
Ivan (Aluno da UECE) - “Quero solicitar que o Prof. Jáder nos fale aqui de qual é a intenção dele em relação à realização da Plenária na UECE”
Célio Coutinho - “Discutimos aqui entre os 3 presidentes e outras pessoas e achamos que é possível acordamos algumas propostas: 1) formalização de uma Comissão para acompanhar a implantação do Piso salarial dos docentes das Universidades Estaduais do Ceará; 2) retomada da discussão do PCCV para, no prazo de 15 dias, definirmos uma versão a ser encaminhada para a Assembléia Legislativa. Este debate deverá contemplar todos os elementos do PCCV, tais como, escalonamento, percentuais das gratificações, VPÌ, dentre outros que já listamos no documento entregue no dia 11/01; 3) definição imediata das prioridades enfatizadas pelo movimento estudantil para 2008.”
Governador - Done.
As pessoas não entenderam o que o Sr. Governador disse. Então ele apenas traduziu a palavra em inglês: Feito! Diante disto, todos se levantaram e a audiência foi encerrada às 23:15h.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Mídia isenta ou engessada?

Até posso imaginar como se sentiriam os idealizadores dos meios de comunicação ( Marconi com o rádio, Gutemberg com a imprensa escrita, e outros ), se pudessem presenciar a deformação antidemocrática e pouco séria em que seus inventos se transformaram.
Posso até reconhecer que, muito dificilmente, mundialmente, teremos algum dia uma mídia totalmente isenta e independente; excetuando-se, é claro, a Internet.Aqui, já dissemos, não tem cala-a-boca, não tem patrulhamento, não tem patrão empresário ou político que possa determinar o que escrevemos ou não. Viva a Internet, então!
Eu ia dizendo, é quase impossível pensarmos as outras mídias independentes. Mas o que acontece no Brasil já há muito tempo, aí já é demais. Muito embora tenha-se, por lei, que os meios de comunicação devam ser explorados como concessões, a absoluta maioria das emissoras de rádio e um outro tanto das de TV estão nas mãos de grupos políticos. E então, meus amigos, ali só "vai tocar o que eles quiserem". E haja informação desencontrada, falaciosa mesmo,mal intencionada, desde que contemple os interesses do patronato. E se forem interesses políticos, mais importante ainda que se faça conforme as ordens superiores.
Sobral, que respira política diuturnamente, o ano todo, já começa a aquecer os humores e opiniões dos atores envolvidos ( candidatos e eleitores) no próximo pleito de outubro. E a mídia engessada também já botou as garras de fora. De ontem para hoje, por exemplo, divulgou-se a notícia que o presidente do diretório municipal do PPS, sr. Herbert lobo, teria participado de um almoço de conversação política com o prefeito Leônidas Cristino, do PSB.
Onde estão a má-fe, o maniqueísmo da notícia? Primeiro no fato de que é uma inverdade, uma mentira; tal encontro não aconteceu. E depois, pelo fato de que o PPS pretende sim, ter candidatura própria ao executivo de Sobral, se uma mentira como a divulgada toma ares de verdade no inconsciente popular, toda a nossa estratégia ( sou filiado ao PPS e meu nome é um dos cotados para a candidatura majoritária) fica prejudicada já no seu nascedouro.
Mais responsabilidade, portanto, amigos da imprensa, com o seu compromisso de bem informar; e informar verdades, por favor.
Aos eleitores de Sobral: estamos apresentando a nossa pré-candidatura a prefeito, pelo PPS. A análise sobre nossas eventuais qualidades para gerir o munícipio só pertence ( como sempre, em qualquer eleição ) a cada um de vocês. Saberei respeitar, democraticamente, seu julgamento definitivo no próximo 5 de outubro.

Carteiradas: o poder do poder

Não sei dealém fronteiras, mas na república de banânia é só o que se vê: autoridades, por mais insignificantes que sejam, se elevam ao direito de não pertencer ao mesmo mundo de nosotros; não entram em fila, não cumprem agenda, sequer querem participar solidariamente do sofrimento das vítimas do caos aéreo, fruto da incopetência deles mesmos.
E tome carteirada. É avião atrasando partida para esperar a "otoridade"; é ministro entrando pelas salas VIPs para burlar lista de check-in. E outras tantas estrepulias, dignas de serem imputadas a pessoas de caráter no mínimo duvidoso.
Essa manifestação arrogante do poder do poder parece que se tornou epidêmica. Aqui mesmo em Sobral, desde as gestões anteriores de 1997 a 2004, e permanecendo atualmente, virou consenso, pelo menos sob a ótica deles ( o poder ) o fato de que estacionamento público de veículos só o é por inteiro se o prefeito não for "precisar" dele.
Então, fiquemos avisados: não adianta estribuchar,fiquemos atento e batamos palmas para comportamento tão fútil, mas certamente prejudicial ao estado democrático de direito vigente.
Quanto a bater palmas, menos eu ( e quem mais se sinta agredido com carteiradas como essa )

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

É "creu" na gente o ano todo

Meu amigo Guto Barros, um conhecedor profundo de música e da musicalidade nata dos brasileiros, pede no seu blog ( http://www.blogdogutto.blogspot.com/ ), encarecidamente, que não chamemos de música algumas esquisitices, para dizer pouco, que tem sido gravadas e divulgadas insistentemente ( só pode ser às custas de muito jabá...) pela mídia irresponsável. Seria, segundo ele, um desrespeito e um desestímulo aos verdadeiros poetas e amantes da boa melodia.
Dentre as mais recentes aberrações da MPB(?), uma que virou hit do carnaval foi uma tal de Dança do Creu. Se ela é perniciosa como fonte de aculturação das massas, pelo menos serviu de mote para rirmos de nós mesmos num momento em que, nunca antes neste país, se arrecadou tanto imposto.
Confira a gozação no link adiante: http://charges.uol.com.br/charges/20080117som.swf

Injeção de ânimo

Recebi um e-mail de uma amigo que diz vir acompanhando minhas postagens atentamente; e ele me confessou uma coisa: está com saudades dos meus "textos" de outrora, dos tempos de O Noroeste, quando, segundo ele, a gente discutia mais as questões político-sociais locais.
Assumo minhas limitações atuais, meu amigo. Na verdade este espaço foi criado para que eu pudesse escrever e "dizer" tudo que penso sobre os acontecimentos (preferentemente) locais, regionais ou nacionais. Acontece que tem aparecido tanto assunto palpitante no planalto e adjacências, que temos focado mais por aí nos nossos comentários. Mas eles mesmos ( os assuntos nacionais) se refletem nos milhares de municípios, dentre eles a nossa Sobral, claro.
A questão dos Cartões Corporativos, por exemplo, precisa ser explicada também por aqui. Que eu saiba não existe essa benesse oficial em Sobral; pelo menos com este nome. Mas será que não tem havido outras formas de contemplar com nosso dinheiro os apaniguados do poder atual? O que podemos dizer dos telefones celulares usados sem limite pelo staff do prefeito? Qual a rubrica que paga as dezenas de prefeitinhos-cabos eleitorais espalhados nos bairros e distritos de nossa cidade? Quem controla o consumo dos carros oficiais? Qual o critério de desembolso das diárias, e quem pode e deve recebê-las? E muitos quems, quais e porques mais poderíamos elencar agora.
Na verdade, meu amigo, estou tentando assessorar juridicamente meu blog para que ele não caia em contradição ou em denúncias vazias. As interrogações do parágrafo acima, por enqüanto são só interrogações. Pretendo esclarecer essas dúvidas acionando o que em direito se conhece por habeas data. Quem sabe o município não tenha explicação oficial para tudo isso!
Quanto às suas ansiedades se deve ou não fazer comentários no blog, por favor, meu amigo: ele só crescerá e ganhará qualidade com a participação efetiva dos leitores, através, sim, dos comentários. Fique à vontade para fazê-los.