sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

O sonho dos homens (e mulheres) que querem fazer política com seriedade

O deputado federal pelo Ceará Leo Alcântara articula no congresso a votação de PEC ( proposta de emenda constitucional) que contempla o direito da cidadania em lançar candidatos avulsos, mesmo sem partido, aos cargos eletivos do país. Seria uma maravilha! Seria o adeus definitivo aos grilhões nem sempre sérios das estruturas partidárias, a que temos de nos submeter, quando pensamos em candidaturas. O texto a seguir é do blog do deputado Alcântara
PEC da candidatura avulsa em discussão
Já conseguimos as assinaturas necessárias. Agora, é colocar em discussão a PEC 229/2008 - Proposta de Emenda à Constituição, apresentada por mim, que prevê a alteração do inciso V do § 3º do art. 14 da Constituição Federal. Se aprovado, o texto prevê a candidatura de pessoas sem filiação partidária, mediante apoio de um número mínimo de eleitores.A proposição elimina a formalidade da filiação obrigatória para reconhecer as relações espontâneas e legítimas entre representantes e representados, ao mesmo tempo em que cria espaço para o estabelecimento de partidos realmente organizados em torno de programas.Em um País complexo como o Brasil, com diferenças regionais, econômicas e culturais reconhecidamente acentuadas, a ficção do mandato estritamente partidário produziu apenas migração e infidelidade. Isso tem deixado vários políticos à beira da clandestinidade, mesmo que tenham forte base social, além de forçar os partidos a aceitar pessoas que não necessariamente seguem os princípios partidários, mas trazem votos para a legenda.Por que não reconhecer a legitimidade que brota da relação direta entre representantes e representados? Por que forçar os partidos a ser apenas legendas eleitorais? Diversos países reconhecidamente democráticos, como Estados Unidos da América, Itália, Canadá, Espanha, Portugal e Chile, para citar apenas alguns, permitem candidaturas avulsas. Curiosamente, em todos esses países há sistemas partidários mais coesos e com identidade programática mais definida do que no Brasil. Vamos, pois, à discussão da matéria.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Estamos todos sufocados

Acho que, quando fui criar este blog, expliquei para muitos amigos, por e-mail, os motivos para fazê-lo. Eu me encontrava absolutamente sufocado, querendo interagir com alguém, falar das minhas dúvidas, fazer minhas críticas e observações, "fiscalizar" o comportamento dos nossos administradores. Tudo isso e muito mais eu queria falar para alguém, e não vinha encontrando espaço na mídia local, em especial a escrita. Estavam ( e estão) todas controladas pelo poder.
Aí criei o blog. Ainda não aprendi a controlar os acessos a ele, mas acho que não tenho tido muitos leitores. Fazer o que? Nada; pelo menos estou tendo a certeza que sufoco não passo mais quando quiser dizer o que penso. Se alguém vai ler e interagir, não depende mais de mim.
Essa introdução é para lhes oferecer um texto do jornalista Ruy Fabiano, que foi postado no blog do Noblat, em 23/02. Ele trata justamente do "sufoco" nacional a que todos os que escrevemos estamos sujeitos mais do que nunca nestepaiz.
Liberdade não tem ideologia
por Ruy Fabiano

Liberdade de imprensa é musa que os governantes, mesmo os que se julgam altamente democratas, cortejam, mas estão longe de apreciar. A maioria gostaria de vê-la pelas costas. De fato, não é fácil admiti-la. Afinal, a imprensa está longe de ser um ente perfeito.Erra – e erra muito.
Mas nenhum dos danos que eventualmente ocasiona se compara ao dano maior de sua supressão – ou limitação por meio de censura. Os danos decorrentes do exercício da liberdade de imprensa – injúria, calúnia e difamação – estão capitulados no Código Penal, e estabelecem punições que vão de multa a prisão.O mau jornalismo deve – precisa – ser punido, nos termos da lei, até mesmo para fortalecer o bom jornalismo.
O preâmbulo vem a propósito de expediente recente, perpetrado pela Igreja Universal do Reino de Deus, contra um jornal e uma jornalista.Contrariada por se sentir ofendida por reportagem da Folha de S.Paulo, assinada pela repórter Elvira Lobato, pôs em cena uma estratégia que, na linguagem judicial, é conhecida por “litigância de má fé”. Ou seja, aciona-se a Justiça não em busca de justiça, mas para intimidar ou estabelecer pressão econômica irresistível.Foi o caso. Diante da referida matéria, os dirigentes da Igreja Universal orientaram adeptos em todo o país para que abrissem processo simultâneos na Justiça, de diversos pontos do país, contra o jornal e a jornalista. Ao todos, mais de 150.A evidência da litigância de má fé começa nos termos das petições, que se repetem literalmente em cada um dos processos. Toda a imprensa se levantou, mobilizando entidades da sociedade civil, como OAB, CNBB e outras grifes defensoras do politicamente correto. Estava em cena uma modalidade oblíqua de censura.Tudo bem – exceto por um detalhe: trata-se de reação tardia a uma prática que já estava em curso, já fizera vítimas, mas não gerara a mesma reação. Ou por outra, nenhuma reação.
E aí há um dado gravíssimo, nem sempre percebido como tal, que é a censura à imprensa gerada pela própria imprensa. A censura ideológica. Há bem mais tempo que as ações simultâneas da Igreja Universal contra Elvira Lobato e a Folha, o colunista da revista Veja, Diogo Mainardi, tem sido alvo de atos idênticos, perpetrados por personagens ligados ao governo federal e a seu partido.Mainardi, porém, é visto como ideologicamente contaminado. Assume posições tidas como ultraconservadoras (não cabe aqui discuti-las), e faz críticas ácidas à própria mídia, o que o torna um colecionador de desafetos em seu próprio meio profissional.
Ocorre que liberdade de imprensa não é um bem ideológico. Não é de direita ou de esquerda, nem pode estar submissa a idiossincrasias. É plural e impessoal – ou não é. Goste-se ou não de quem esteja sendo constrangido pelo exercício da profissão, é o princípio que está em jogo. Se houver excessos por parte do jornalista, há os remédios legais e o modo honesto de acioná-los.O presidente Lula, ao se manifestar a respeito da ação da Igreja Universal contra Elvira e a Folha, tratou o caso como se não estivesse submetido a litigância de má fé. Disse que a democracia é assim: se a pessoa ou instituição se sente ofendida, vai à Justiça. É verdade – mas não é o caso, e o presidente com certeza sabe disso.Ele e seu partido, que quiseram criar um certo Conselho Federal de Jornalismo, na tentativa de estabelecer controle estatal sobre a atividade, incluem-se na cota dos que cortejam a musa Imprensa, mas estão longe de apreciá-la ou de a quererem por perto.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Crença II - Tradições Religiosas

Quando criei meu blog, tinha a convicção que ele serviria para " abrigar" minhas inquietações e dúvidas, já que não vinha conseguindo fazê-las nos jornais locais. Mas sabia também, como sei, que ele se prestaria ( como está se prestando ) para outros autores amigos que quisessem ocupá-lo.
O texto a seguir é de um amigo, Romão Silva, e tem muito conteúdo e qualidade; ele certamente aumentará o conceito do meu blog, no sentido que, o que vier a ser publicado por aqui trará sempre algum fato de importância para nosso cotidiano. Boa leitura para todos!


Crença II - Tradições Religiosas



por Antônio Romão Silva

NOTA:

Antes de adentrar no assunto que quero expor chamo a atenção dos leitores para o fato de que o presente artigo não tem a intenção de polemizar e nem tampouco ferir suscetibilidade de nenhum religioso ou instituição religiosa. O interesse é tão somente bem informar aos leitores e o público de um modo geral, a respeito de alguns tópicos não muito evidentes, interpretados erroneamente por não se levar em consideração alguns fatores como os que se seguem.

Alguns irmãos menos esclarecidos acham que se deve aceitar sem contestação tudo que está escrito na Bíblia por acreditarem na sua infalibilidade. Porém, antes de esclarecermos alguns pontos mais polêmicos, façamos algumas apreciações embasadas na ótica da razão e do discernimento para não incorrermos em claudicação.

Em primeiro lugar, analisemos alguns pormenores de extrema importância para a elucidação de alguns fatos não muito bem explicados ao longo da história e que perduram até hoje na obscuridade. É o caso, por exemplo, das diversas traduções e das diferentes versões bíblicas que conhecemos.

Os fragmentos de texto que se seguem foram extraídos Bíblia Sagrada na versão portuguesa da Vulgata Latina traduzida pelo Pe. Antônio Pereira de Figueiredo..

“A Versão dos Setenta e a Vulgata Latina

Até o final do século IV, conhecia-se da Bíblia, a chamada Versão dos Setenta, também chamada de Septuaginta, assim denominada por ter sido confiada por Ptolomeu II, Filadelfo (309 a 246 a. C.) rei do Egito, a setenta e dois rabinos, seis de cada tribo, que a realizaram entre os anos de 285 a 247 a. C., na ilha de Faros, perto de Alexandria. A Versão dos Setenta foi, portanto efetivada no antigo Testamento.”

“Da Versão dos Setenta originou-se a Vulgata Latina, realizada em sua quase totalidade por São Jerônimo, doutor da Igreja (c. de 350-420), diretamente do hebraico, do aramaico e do grego, por incumbência de Damásio I, papa de 366 a 384. Em 386, São Jerônimo terminou a tradução do Novo Testamento, e, entre 391 e 405. a do Antigo Testamento. Em 1592, o papa Clemente VIII mandou fazer uma revisão da Vulgata Latina, e esse texto revisado é hoje de uso oficial na Igreja Latina.”

“Quase todos os livros da Bíblia foram escritos em hebraico. O aramaico é o idioma original de fragmentos do Antigo Testamento (Dan. 2, 4b-7, 28; Esd 4, 8, 6, 18; 7, 12-26; Jer. 10, 11), e, no Novo Testamento, de todo o Evangelho de Mateus. O grego foi usado para o livro da Sabedoria, Macabeus II e todo o Novo Testamento (com exceção do livro de Mateus).”

Observação: O texto em itálico aí transcrito está mostrado ipsis litteres, ou seja, do mesmo modo como está escrito no livro, de modo que se houver alguma falha essa se deve às imperfeições de impressão ou descuido do autor ou ainda, do revisor.

Ora, como podemos perceber, os livros bíblicos não estão compilados tal como foram escritos há séculos atrás. Foram três os idiomas originais, conforme o texto acima descrito. Fragmentos daqui, um pedacinho dacolá, e assim temos hoje uma amalgama de textos que não foram integralmente escritos um após outro como supuséssemos que fosse. A isso, agreguem-se as constantes traduções, primeiro para o grego e latim e depois para mais de mil línguas e dialetos falados em todas as partes do mundo; e as revisões que também são inumeráveis.

Afora isto, levem-se em consideração as constantes mudanças vernáculas, os regionalismos, etc., pois para exemplificar, verifiquemos o que acontece com a nossa própria língua falada com diferentes vocábulos e sotaques em cada Região e Estado do País. Num período de dez anos notaremos que o idioma muda sensivelmente, além de aumentar o número de palavras com as novas tecnologias e descobertas. Assim foi e assim continua sendo.

Constitui-se, portanto, um erro crasso querer demonstrar que se pode interpretar tais textos ao pé da letra, pelas razões já expostas.

Outro ponto crucial é o fato de ter sido escrito por homens, - embora com inspiração superior, - para homens rudes de reduzida mentalidade e de poucas qualidades morais, numa época bem remota. A linguagem que poderiam compreender tinha que estar à sua altura, ou seja, um palavreado popular.

Mais um texto extraído da internet no site http://www.geocities.com/jeffersonhpbr/entrada.html , diz o seguinte:

“1. Barreiras de Linguagem

A Bíblia foi escrita em três línguas: O Antigo Testamento em Hebraico e algumas poucas partes em Aramaico, e o Novo Testamento em Grego. Nossas traduções em Português, embora muito bem feitas por conselhos editoriais compostos por grandes eruditos nessas línguas, muitas vezes não conseguem achar palavras do nosso idioma que correspondam perfeitamente às do idioma original. Também, é difícil fazer a transposição do tempo, da voz e do modo dos verbos, da sua origem para a atualidade”.

Isto significa dizer que não há uma tradução literal, por maior esforço que se empreenda neste sentido, justamente por causa desses entraves. Vinculem-se a isto as barreiras geográficas, porque muitos dos acidentes geográficos como rios, lagos, riachos, vilas, cidades, etc., hoje não mais existem.

E os costumes da época, a cultura, será que ainda são os mesmos, posto que mudam também com o tempo? E, durante todo esse espaço de tempo será que ninguém meteu o bedelho onde não devia e lá escamoteou ou maquiou alguma coisa? Quem nos garante que não houve alguma alteração intencional? Por que vários livros, considerados apócrifos, ainda hoje são publicados e conhecidos pelo povo? Por que bíblias diferentes para diferentes segmentos do cristianismo? São indagações que estão distantes de serem respondidas e que dão mais azo às imaginações férteis.

Pelo exposto, não podemos crer cegamente em tudo que se nos induzem a crer, pois, cada orador interpreta e prega de conformidade com os dogmas de sua congregação e continuam em pleno vigor as máximas que dizem que: ninguém é o dono da verdade e o pior cego é aquele que não quer ver!