sábado, 5 de novembro de 2011

A mobilidade urbana


                 O blog Sobral de prima postou hoje um texto pequenininho  com iconografia impactante sobre o momento de ufanismo do propalado espírito de sobralidade  com a chegada do metrô de superfície.
                Aos meus parcos e fiéis leitores garanto-lhes que estou tentando escrever sucintamente para tornar mais atraente o Discordando do Rui. Mas, como já tinha escrito alguma coisa sobre o assunto acima, aproveito o meu espaço para lhes apresentar...

Nova Iorque   X  Sobral City


              Me  ajudem aqui meus amigos Zé Alberto  e  Dênis  Melo, conhecedores profundos que são da  história , da cultura geral e do folclore tupiniquins, e dos  d`além mar e do lado de cima do Equador:  desde quando e por  que foi que nossa cidade,  por muito tempo – até hoje ainda há quem se refira a ela fazendo  alusão ao apelido  – foi considera e chamada jocosamente de Estados Unidos de Sobral?  Do que eu conheço parece que,  quando  o único porto marítimo cearense era o de Camocim , época em que as viagens eram feitas a cavalo-animal ou nas marias-fumaça-cavalos-de-aço,  era difícil , demorado,  incômodo e oneroso para   que  os turistas gringos e  as novidades da indústria e do comércio europeu ou norte-americano chegassem até Fortaleza. Então eles findavam ficando pelo meio do caminho, por aqui mesmo, nos aculturando para o bem ou para o mal,  e por extensão nos “viciando” em  copiar  seus costumes,  seu estilo de vida,  sua moda e até mesmo a arquitetura, os meios de transporte e os monumentos  daquelas plagas.
                Não sei se é por isso que somos The United States of Sobral. Parodiando o palhaço-deputado Tiririca (os outros 512 são, na sua maioria deputados–palhaços), quando o Zé  e o Dênis  me disserem eu digo pra vocês...
                A fama ou o  folclore sobre o tema existe desde o fim do século XIX e  se materializou no raiar do III milênio,   quando o então prefeito Cid Gomes importou da terra do Tio Sam umas sucatas de School  Bus, e as trouxe de navio  até o porto do Mucuripe  em Fortaleza; e de lá para cá, para o gáudio e a tola vaidade de muitos conterrâneos inocentes e incautos.  Afinal, mais que o status de “americano” , o presente era oferecido pelo introdutor da era de Aquarius por essa bandas; pelo menos para esses mesmos incautos. Muito  recentemente todos sabemos, um súdito vassalo do principado ousou superar seu mestre, propondo a construção de torres gêmeas na cidade. Elas deveriam ser erigidas às margens do rio Acaraú,  para que o plágio fosse fiel  a localização das originais que,  antes de desabarem,  ficavam às margens do rio Hudson em NY.  A idéia não avançou mas em si mesma parece que ela simbolizou uma desorientação administrativa da tradição secular de aculturação em busca do desenvolvimento e da modernidade: copia-se  o que não (mais)existe enquanto  destroem-se os avanços conquistados em áreas que os nova-iorquinos  querem mais é continuar avançando . Talvez seus administradores  não sejam tão inteligentes quanto os nossos; talvez eles não sejam tão vigilantes e responsáveis, nem o povo, com o  erário; talvez eles queiram apenas licitar fraudulentamente outras obras públicas, principalmente as que envolvam a construção civil.

 Sobre Duas Rodas
 Karina Vieira  - Pernambucana,jornalista e historiadora.
                 “...Já imaginou ampliar as calçadas, construir mais estacionamento para bicicletas e eliminar o espaço para automóveis?  Em Nova York, foi exatamente o que fizeram, principalmente  no bairro de Williamsburg,  no Brooklyn.  Mas não é só lá que a demanda por ciclovias é alta: mais de meio milhão de nova-iorquinos usam bicicletas pelo menos algumas vezes ao mês. O número de ciclistas na cidade aumentou em 262% nos últimos dez anos. Nesse período, mais de 650 quilomêtros de ciclofaixas foram construídas.  O prefeito Michael Bloomberg diz que tornar Nova York uma cidade mais saudável era um de seus objetivos. O uso de bicicletas, ele lembra, diminui o congestionamento, além de fazer bem à saúde e ao meio ambiente. Por isso o prefeito anunciou não só a construção de mais ciclovias...”. 

Pois é... aqui debaixo do Equador  a prefeitura de Sobral,  monitorada pelo comandante da nave-mãe de Aquarius, está destruindo literalmente os poucos quilômetros de ciclovias existentes, uma das únicas obras ( as outras vêm se transformando em autênticos elefantes brancos ) da era FG que impactaram positivamente na qualidade de vida dos sobralenses – somos atualmente aproximadamente 50 mil ciclistas ,   35 mil motociclistas  e 25 mil guiadores de carros - .
Mas, tudo bem, pelo menos para os de sempre; finalmente chegamos a era do metrô. Claro, não será uma subway como em Nova Iorque, o que desafoga em muito o caótico trânsito de lá, como caótico ele é em qualquer grande cidade. Já não é diferente nem na nossa pequena  Sobral. Então é forçoso perguntar: a quem interessa..., quem é que está se beneficiando mesmo com a implantação do metrô de superfície por aqui? Certamente os  mais humildes, os contribuintes assalariados, os que não possuem veículos de 4 rodas, é que não são.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Será que ninguém lê o que interessa nos jornais e blogs?

Blog Discordando do Rui / 01 de Janeiro de 2009
Sobre o futuro Hospital Regional de Sobral


...Sobral já conta com um grande hospital "público", mantido quase na sua totalidade pelo erário (federal, estadual e municipal). ... E poderemos sofrer a síndrome feto-fetal ( gravidez gemelar nutrida por placenta única ) financeira, levando a atrofia de uma das entidades hospitalares. Alguém se arrisca a prever o nome da vítima?

Jornal Diário do Nordeste / 10 de Outubro de 2011
Sobre a manutenção dos Hospitais Regionais

Welington Landim diz que o Ceará não vai ter condições de manter os seus equipamentos hospitalares . Os equipamentos que o Governo do Estado pretende entregar para a área da saúde, até o fim do atual mandato, em 2014, correm o risco de virarem verdadeiros elefantes brancos por falta de verba para a manutenção. São os hospitais regionais de Juazeiro do Norte, já em funcionamento, os de Sobral e Quixeramobim, um outro em Fortaleza e as Policlínicas e Centros odontológicos. De acordo com o líder do PT-PSB na Assembléia Legislativa, deputado Welington Landim (PSB), esses novos equipamentos terão um custo anual de R$ 900 milhões só de manutenção.

Blog do Bené Fernandes/ 02 de Novembro de 2011
HOSPITAL SANTO INÁCIO DE JUAZEIRO DO NORTE FECHA AS PORTAS.

No Juazeiro do Norte agora a sensação é o Hospital Regional do Cariri, a menina dos olhos do governador Cid Gomes. E a situação começou a pesar para os outros hospitais existentes ali. Um deles, o hospital filantrópico Santo Inácio, fechou suas portas. O Santo Inácio era considerado como um dos equipamentos de saúde mais importantes do estado por contar com 150 leitos, atender urgência e emergência, realizar transplantes, hemodiálise e receber um milhão de pessoas dos 43 municípios da região.
A deputada Mirian Sobreira(PSB) retrucou: “Não podemos aceitar o fechamento do hospital”. De acordo com Mirian Sobreira, o Hospital Santo Inácio serviria para desafogar a demanda de atendimento que hoje se concentra no Hospital Regional do Cariri (HRC), recém inaugurado pelo governador Cid Gomes. Além disso a unidade hospitalar também aliviava o IJF, em Fortaleza, já que muitas pessoas do interior buscam atendimento na Capital. O HRC hoje atende 1,3 milhões de pacientes de emergência, dessas 300 mil de Juazeiro.
Autorizado pelo Ministério da Educação (MEC), o local também funcionava como Hospital Escola, para os alunos da Faculdade de Medicina de Juazeiro (FMJ). Segundo os seus proprietários, seriam necessários, no mínimo, mais de R$ 800 mil mensais para manter a casa aberta.
DO BLOG - Sem querer "assustar" a moçada, mas acho que a Santa Casa de Sobral, hospital filantrópico, deve botar suas barbas de molho. Se no Juazeiro o Santo Inácio está fechando suas portas por falta de 800 mil reais mensais, imaginem por aqui, onde dizem que o "buraco" já ultrapassa vários milhões. Acho que os recursos que vêm não darão para a sobrevivência dos dois hospitais.

Talvez ainda haja tempo para que os responsáveis de direito - Ministério Público, Câmara dos Vereadores, políticos representantes da região norte, prefeito municipal, ... - tomem uma posição em defesa da Santa Casa, nosso hospital filantrópico, além de, como o Santo Inácio recém fechado, hospital de ensino do curso de medicina de Sobral.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Por Falta de Espaço...

... Não é exatamente espaço físico que está me faltando; não estou encontrando mesmo é onde escrever e divulgar minhas inquietações de sempre. Por isso resolvi "chamar" de volta para a WEB o Discordando do RUI.
E ofereço para quem quiser ler, antes que o assunto envelheça, minha opinião sobre o recente episódio das vaias destinadas ao governador Cid Gomes e ao prefeito Veveu, na noite do último dia 23/10, na margem esquerda do Acaráu.

As Praças e as Vacas...e o Povo
Um tributo ao professor Jander Alcântara

... Estas as há de todo tipo, com arquiteturas as mais diversas: quadradas, losangulares, em anfiteatro, arborizadas ou não. Há até espaços públicos que às vezes se transformam em praças-palanque para que, num misto de panis et circenses e púlpito iluminado, os governantes falem para seu público cativo, o povo-gado, vaquinhas de presépio, quase sempre ordeiro, servil e dócil. No ocaso de 2010 no entanto, na cidade do Cairo-Egito, alguém pensou que esses ambientes poderiam ser úteis pra fazer justamente o contrário, ou seja, protestar contra os poderosos. E na praça Tahrir nasceu a primavera árabe, que logo se estendeu via web-redes sociais-youtube para o Marrocos, Barein, Líbia, Tunísia , Síria, Argélia. Ela já serviu inclusive de inspiração para protestos em países aparentemente sem ditaduras nem ditadores; o occupy Waal Street na liberty Plaza em Nova Iorque, contra o sistema financeiro, é um deles.
Quanto àquelas, são todas iguais. Malhadas, marrons, pretas , brancas, seja na Índia onde são consideradas sagradas ou no nosso semi-árido nordestino, todas produzem leite branco ou viram fonte de proteína na cadeia alimentar . E, ao contrário das praças, todas cumprirão até o final dos tempos – que não seja em 12/12/2012 - as mesmas “funções”; e terão sempre os mesmos hábitos, próprios do gado vacum. Um deles é o de , enquanto caminham pastando ao mesmo tempo vão evacuando; não estão nem aí, porque irracionais, para a natureza ou para os pudores e conveniências dos seus donos.
Bem mais evidente nos regimes das ditaduras, mas nem por isso ausente naqueles disfarçados de democracia, o comportamento de alguns políticos ( em tese racionais ) tem sido semelhante àquele último das inocentes vaquinhas, coitadas: eles estão “cagando e andando pro povo”, nem aí pra ele, não por acaso seu único e verdadeiro patrão. Esquecem que temos autoridade sobre seus mandatos, que pagamos seus salários nababescos. Esquecem ainda, desmerecendo o risco que correm, que estamos acordando da letargia e se quisermos os colocaremos na fila do seguro-desemprego, condenando-os ao ostracismo e ao esquecimento. Basta não votarmos mais neles. Simples assim senhores governantes; fácil assim, amigos eleitores.
Na praça Tahrir , em dezembro de 2010; na esplanada dos ministérios/Brasília e na avenida paulista/São Paulo, em setembro e outubro de 2011; na liberty plaza, Nova Iorque , em 17 de setembro de 2011... e na margem esquerda do rio Acaraú, em Sobral, na noite de 23 de outubro de 2011. Que sentimento coletivo de indignação motivou platéias de culturas tão distintas, geograficamente tão distantes umas das outras, a se comportar como se comportaram? A ousar e desafiar , dedo em riste, os poderosos de sempre? Afinal, para eles só podemos manifestar apreço e gratidão eterna pelo muito que têm feito, pelas obras que construíram – como se fosse favor e não obrigação -, por isso, por aquilo e aquilo outro....Então o povo-gado é ingrato e desrespeitoso se reclama, critica, discorda, ou , ousadia extrema, crime de lesa-arrogância, VAIA.
O que aconteceu nas “Arábias”, em Brasíia, São Paulo, Nova Iorque, e o que parece, começou a acontecer no Ceará, na margem esquerda do rio , nossa Tahrir tupiniquim, foi o despertar da cidadania, da compreensão dos nossos direitos como verdadeiros donos do poder ( ...todo o poder emana do povo , que o exerce por meio de representantes eleitos... artigo I, parágrafo único – CFB 1988 ); e do nosso dever , num estado democrático e de direito , de explicitar o contraditório, a discordância, as insatisfações e decepções com o modelo que está posto. Eles, além mar e ao norte, com passeatas, piquetes, guerras de guerrilhas; e nós aqui, com faixas , cartazes, apupos e vaias muitas, estamos redescobrindo a plena democracia.
Podemos e devemos continuar nos indignando, não necessariamente como têm se indignado os da primavera árabe, cometendo assassinatos e chacinas e agredindo os tratados internacionais do direito e da dignidade humana. Longe disso aqui entre nós. Nossa primavera sobralense ( e cearense ) será completamente vitoriosa usando-se apenas uma arma, tão poderosa contra os maus políticos, que transforma suas noites e dias em eternos nightmares e halloweens: o voto consciente.