terça-feira, 8 de setembro de 2009

E sinal de fumaça, pode?

Ano passado o advogado Barak Houssein Obama conseguiu se eleger presidente do Estados Unidos, contrariando expectativas, das mais infantis às mais reais quanto a prognósticos, preconceitos, etc...
Todo mundo que acompanha os avanços da tecnologia em qualquer atividade sabe que uma de suas(dele, Obama) maiores armas para contato mais direto, e em grande escala, com seus eleitores, foi a internet, até porque era para ele, como de resto para quem quer se comunicar livremente, a única mídia absolutamente democrática, livre e muito barata, diga-se de passagem.
No mesmo período do ano passado, estive envolvido politicamente em Sobral, como candidato a prefeito; e até tentei fazer campanha pela internet, respeitando claro, os limites que a lei eleitoral me impunha. A experiência da candidatura foi frustrada, como os que me conhecem já sabem, mas antes disso, frustrada também foi minha tentativa de fazer campanha pela internet, porque os limites para sua uilização eram muito fortes.
Amanhã, 09/09, será o prazo final para que emendas e susbtitutivos sejam apresentados ao projeto de reforma política no congresso. No quesito WEB parece que nada vai mudar; as restrições à sua utilização continuarão tão castradoras de liberdade como vêm sendo desde sempre.
Não serei candidato a nada no próximo 2010; acho mesmo que jamais serei candidato de novo a algum cargo eletivo, por muitas razões. Mas isso é outra história.
Fica aqui o conselho aos pré-candidatos do ano que vem: matriculem-se em algum curso de sinal de fumaça ou de som dos tambores, e utilizem seus conhecimentos a partir de julho de 2010. Pelo menos com essa "comunicação" ficará mais difícil vocês serem punidos pelo anacronismo que permancerá nas "letras" da pífia reforma política que ora está sendo analisada.
Boa sorte a todos na caça aos votos!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Sobre Ausências e Influência

Há 3 dias voltei a escrever neste espaço; e comentei sobre minhas dúvidas quanto aos critérios de julgamento sobre quem é mais ou menos influente no congresso, que contemplaram o nome do deputado federal Ciro Gomes - PSB-CE.
Como ele exerce tanta influência, me perguntei naquele momento, se nem assíduo à câmara ele tem sido?

Deu na folha de s.paulo
Lista dos mais ausentes tem Ciro em quarto lugar

O ranking dos deputados mais ausentes da legislatura traz nomes de políticos considerados influentes, como o pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PSB-CE), que chegou à Câmara em 2007 para o seu primeiro mandato. Ele teve a maior votação proporcional do país -16,2% dos votos válidos do Ceará, nominalmente a segunda maior do Brasil.

Ciro, o quarto mais ausente em plenário, tem registro de não ter comparecido a 42% dos dias de votação. Ele atribui os números a um problema de saúde (paralisia facial) que o impediu de ir a Câmara por dois meses em 2008 e a compromissos nos Estados motivados pelo fato de ele ser um dos principais nomes do PSB.

"O problema é a multiplicidade de atividades. Mas eu estava em todas as votações importantes e, pelo telefone, sempre participei de todos os encaminhamentos [da bancada], pela posição de liderança que tenho no partido", disse.

O deputado também repetiu crítica à dinâmica das votações em plenário, onde é comum haver manobras regimentais que levam as sessões até a madrugada. "Acho ridícula. Um regimento do século 19."

domingo, 6 de setembro de 2009

Um Brasil sem Fibras

O texto abaixo achei no blog da jornalista mato-grossense Adriana Vandoni; em algum momento da escrita, a socióloga autora do artigo, chega às mesmas conclusões que eu também ( e acredito que milhares de brasileiros mais ) cheguei: estamos todos dominados por uma pleiade de sem-caráter.
Eu acrescento apenas que, além da visão "nacional" dada pela autora, não há dúvidas que o processo "dominador" já se infiltrou em praticamente todo rincão do país.
Ao texto então...

BRASIL DESFIBRADO

Por Maria Lucia Victor Barbosa
Socióloga

Por conta de nossa formação histórica nunca tivemos uma mentalidade onde sobressaíssem valores que caracterizam certos povos. Quando a enorme colônia portuguesa foi dividida em capitanias hereditárias iniciou-se mais que uma divisão territorial uma cultura, cujos traços mais evidentes foram o individualismo, o autoritarismo, o patrimonialismo, o anticapitalismo.

Formaram-se naquelas sociedades dispersas traços culturais traduzidos em valores, atitudes, costumes, usos, tradições e comportamentos. Era uma maneira de ser, uma visão de mundo que definitivamente não incluía o sentido de pátria, nem o de espírito público, nem o de bem comum. No Brasil que aos poucos ia se moldando imperavam famílias patriarcais, em torno de cada uma gravitava um complexo clânico e uma massa de dependentes. Todos dependiam do senhor patriarcal e este foi a origem do poder personalizado que até hoje se cultua no Brasil. Dentro de suas circunstâncias este senhor subordinou os interesses gerais aos seu interesses particulares, exatamente o contrário do que existiu na formação de sociedades democráticas. Assim, desde o início, gerou-se no Brasil a sociedade desigual, onde a família e a clientela daquele senhor todo-poderoso se acomodaram de maneira passiva na dependência de um “pai” armado de castigo e recompensa.

Um longo estudo de nossa história seria impossível num pequeno artigo. Esse vôo mais longo eu tentei em um de meus livros, “América Latina – Em Busca do Paraíso Perdido”. Mas apenas como entendimento do presente a partir do passado, recordo que com a vinda da corte portuguesa, em 1808, instalaram-se de uma vez por todas no Brasil as características do velho Estado português. Como escreveu Raymundo Faoro em “Os Donos do Poder”: “os reis portugueses governaram o reino como a própria casa, não distinguindo o tesouro pessoal do patrimônio público”. E o Estado brasileiro nasceu também corrupto na medida em que para tudo se dependia dele, do seu excessivo quadro de funcionários, da morosidade típica do burocrata, correndo soltas as propinas para aligeirar licenças, fornecimentos, processos, despachos, etc. Em toda parte do desajeitado e ineficiente leviatã traficavam-se influências, negociava-se a coisa pública em proveito próprio.

Não se pode negar que o Brasil, em que pese manter seus contrastes regionais, suas disparidades de classes, em grande parte modernizou-se através de um processo de urbanização e industrialização. Estratos modernos se concentraram em centros urbanos mais adiantados, notadamente em São Paulo. Esse progresso, inclusive, provoca temor aos nossos vizinhos sul-americanos que nos vêem como imperialistas. Entretanto, persiste no país a mentalidade inicial, com agravantes que fazem parte da era de mediocridade, de vulgaridade, de ausência de valores, de decadência moral, intelectual e artísticas, traços que marcam a humanidade como um todo em que pese os grandes avanços científicos e tecnológicos alcançados no mundo de agora.

Impressiona observar um Brasil desfibrado nas cenas que se desenrolam no presente. Se sempre houve um poder centralizador, que a partir do Executivo subordinava o Legislativo e o Judiciário, o atual governo, “pai” armado de castigo e recompensa, interfere conforme seus interesses pessoais de poder no Congresso onde uma Câmara subalterna só faz o que seu “chefe” mandar. Se no Senado reside alguma oposição, posta em foco recentemente a figura de seu presidente lembrou tempos patriarcais, complexos clânicos, clientelas, abuso de poder, algo que como apontou José Sarney, não difere do comportamento da maioria de seus pares. Já o Judiciário, incluindo sua instância mais alta, segue a tradição da impunidade que premia os poderosos, percorre a trilha ilustrada pelo antigo ditado que se dizia nas colônias espanholas: “La ley se acata pero no se cumple. Sem medo de ser feliz, Antonio Palocci é alçado a candidato enquanto o caseiro mergulha nas trevas do esquecimento e das dificuldades.

Sem lei ficam desprotegidas as pessoas comuns, avança o estado de anarquia, fenece o Estado Democrático de Direito, deturpa-se a democracia, acentua-se o vale tudo da política onde apenas interessa o poder pelo poder. Quanto ao povo convertido em plebe é apenas mansa massa de manobra, anestesiada, tangida pela propaganda enganosa, pelo populismo, pelas ilusões do teatro de torpezas em que a política se aprofunda.

Já não se distingue mais quem comanda a Nação, se bandidos ou mocinhos, se narcotraficantes ou instituições e, significativamente, quando o presidente da República posa para a posteridade com um colar de folhas de coca e abraçado com um representante do “socialismo do século 21”, chega-se à triste conclusão de que fazemos parte de um Brasil desfibrado. Pior, desfibrado por nossa complacência, por nossa aquiescência, por nossa cumplicidade. Não é emblemático que o povo fique sempre do lado dos bandidos e não dos policiais?