domingo, 18 de julho de 2010

Brasil : VIII x LXXXV

O senador Cristóvam Buarque de Holanda, do PDT de Brasília, comentou recentemente numa entrevista sobre a ( falta de) consciência para os reais problemas que nos afligem: "... a seleção de futebol do Brasil ficou em oitavo lugar na copa do mundo e presenciamos uma comoção nacional, do presidente da república ao mais jovem índio xingu do alto Amazonas; enquanto isso estamos classificados em octogésimo quinto lugar no ranking mundial da qualidade da educação, e não se ouve nem se lê, nem se vê qualquer manifestação, por mínima que seja, de nenhum de nós; em especial dos governantes da nação..."
No presente julho de 2010, já atrasados segundo o cronograma determinado pela multinacional bilionária FIFA, estamos ( governo federal e 12 estaduais sedes )começando a gastar irresponsavelmente bilhões de reais que irão encher mais e mais as burras das grandes empreiteiras, qualificadas ou não - aqui no Ceará há muitas interrogações quanto ao processo licitátório beneficiando empresa de um amigo do rei -, sem que o resultado final a médio e longo prazo venha trazer transformações impactantes na melhoria da qualidade de vida do tecido social; como na educação, por exemplo.
Sobre o tema copa do mundo, seus benefícios, custos e outros parâmetros analisáveis, vou colar abaixo um texto do jornal o Estado de São Paulo, edição deste fim-de-semana

Fim da Copa devolve África do Sul à sua realidade

Governo sul-africano volta a se preocupar com ataques xenófobos, desemprego e desigualdade social crescente

Estadão.com.br

Poucas horas depois de Iker Casillas levantar a taça de campeão do mundo, há exatos sete dias em Johannesburgo, o governo sul-africano ordenava que tropas ocupassem algumas das regiões mais miseráveis da cidade para frear uma tensão latente de ataques xenófobos contra imigrantes estrangeiros.

No dia seguinte, funcionários de empresas de energia confirmavam a intenção de entrar em greve.

Passada a euforia, milhões de cidadãos continuavam desempregados e a África do Sul voltava à sua dura realidade.

Depois que o circo da Copa do Mundo deixou o país, ficaram a pobreza, a aids, a violência, a desigualdade social e, principalmente, uma divisão profunda entre os líderes sobre qual deve ser o projeto de país para a África do Sul.

Para o mundo exterior, o presidente Jacob Zuma usou a Copa para mostrar uma nova imagem da África do Sul, capaz de realizar grandes eventos.

Seu governo não esconde que quer receber os Jogos Olímpicos de 2020 e, principalmente, um lugar no Conselho de Segurança da ONU.

Sem poder calcular os ganhos reais do Mundial, Zuma optou por um discurso ambíguo. "Não há preço para o que ganhamos ao abrigar essa Copa."

(...) Dados oficiais mostram que o custo da Copa foi multiplicado por 11 entre 2004 e 2010. Segundo um grupo de ONGs locais, o dinheiro usado para o Mundial pelo governo seria suficiente para construir casas para 12 milhões de sul-africanos que vivem em favelas.

Do outro lado, a Fifa arrecadou US$ 3,2 bilhões em renda com o evento e sem pagar um centavo sequer em impostos ao país sede.

Para o CEO da Copa, Danny Jordaan, ver o Mundial dessa maneira é uma "prova de miopia". "No longo prazo, todos vão ganhar", garantiu.

O escritor sul-africano Rian Malan é de outra opinião. "A Fifa encorajou o governo a gastar bilhões que não tínhamos em estádios que não precisamos. Agora, infelizmente, ficaremos com dívidas por anos", disse.

Nenhum comentário: