terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Bonde perdido

Foram 49 anos e 50 dias. Por quase meio século Fidel Castro Ruiz esteve à frente dos destinos da ilha caribenha Cuba.

Ouvi há alguns anos de um colega médico cubano, que à época trabalhava aqui em Sobral o seguinte conceito sobre El Comandante, conceito esse que, a meu juízo, conseguiu explicar a longevidade de seu poder. Ele me disse: sem Fidel os cubanos nem identidade de povo teríamos.
O fato é, no entanto, que para "criar" uma nação o regime de Fidel utilizou ( e ainda continua utilizando) métodos discricionários, censura ferrenha à imprensa, julgamentos e fuzilamentos aos milhares, muitas vezes sem justificativa palpável. E isto findou afastando do foco da crítica internacional todas as conquistas da revolução de 1959.

Educação de qualidade, erradicação do analfabetismo, índices de mortalidade infantil de I mundo, medicina idem, e outras benesses (reais) mais, tiveram um preço muito alto (muitas vidas e o cerceamento à liberdade, principalmente a de expressão) para que agora, com o comunicado pessoal de sua renúncia ao poder, Fidel pudesse ser visto como um benfeitor do seu povo.

Se o seu nome já está na história? Com certeza! Afinal a trajetória da nossa espécie pelo mundo ao longo dos séculos tem "descoberto" todo tipo de ator: os bons e os (muito) maus também.

Corrijo-me: acho que Fidel afinal das contas nem foi tão mau ator assim; o que ele foi nesses 49 anos foi um ditador mau, perverso. E embora ache que sua "sombra" ainda perturbará por algum tempo o bom povo cubano, penso que ele, definitivamente, perdeu o bonde da história, quando, mordido pela mosca azul não quis mais largar o osso ( ou o filé ) do poder.

Qualquer semelhança com as atitudes de alguns tiranetes, mesmo de regimes democráticos, aqui em latinoamerica não tem sido mera coincidência; vigiemos, pois, atentamente, já que em recente pesquisa nacional da CNT/SENSUS, nosso reizinho de plantão teve seu nome citado espontanemente por 18% dos entrevistados como o melhor nome para presidir o Brasil a partir de 2011, enqüanto Serra(5%), Aécio Neves(4%), Alckmin(2,5%) Ciro Gomes(1,5%) e outros ( traços) ficaram lá embaixo.

Concluindo: é certo que se houvesse um terceiro mandato para o molusco, ele completaria "apenas" 12 anos no poder. Ainda estaria bem distante dos 49 do coma andante; mas seria um bom treino. Daí a querer se perpetuar é só um pulo... ou mais uns milhares de bolsas-família.

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