quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Em defesa da eleição do Serra 45 - capítulo III - a opinião de um ex petista

Para que não pareça que eu sei tudo o que existe de bom e sério em torno do Serra e do PSDB; e dos males perpetrados ao longo dos últimos 16 anos pelo PT e seus aliados. E também porque realmente não tenho tido muito tempo para elaborar textos que traduzam a verdade dos fatos políticos desses últimos anos vou, de vez em quando, copiar e colar depoimentos de quem eventualmente foi ator coadjuvante dessa história, que atualmente se resume a tentar descobrir quem ou qual partido tem competência para governar o país.
O texto colado abaixo está no blog da Maria Helena Rubinatto. Lavei minha alma de Serrista ao lê-lo...espero que vocês consigam o mesmo estado de êxtase. Um abraço em todos.

Pior do que está não fica fica. Será?

de Paulo Afonso

Hoje cedo, saboreando uma sardinha enquanto bebia uma cerveja gelada, pensava na situação do Brasil. Lia esta crônica mentalmente, prontinha, linha por linha, na esperança de conseguir escrevê-la mais tarde, tal como a imaginei.

Ainda não me acostumei com a notícia de que Tiririca foi o candidato mais votado em todo o Brasil. Voto de protesto? Certamente que não. Voto de protesto é votar em candidatos novos, para renovar esse Congresso desmoralizado. Ignorância? Com certeza. Tiririca, que tudo leva a crer ser analfabeto, não é pior do que um milhão, trezentos e cinquenta mil eleitores que nele votaram. Esses sim, são analfabetos, analfabetos políticos, que justificam plenamente a frase de Pelé, quando disse que “Brasileiro não sabe votar”. Um candidato que deseja ser eleito para se arrumar, e arrumar sua família, não sabendo o que faz um deputado federal, como pode representar o estado mais importante do Brasil? É a desmoralização total.

Pior do que isso é ver a eleição de Roseana Sarney no Maranhão, em primeiro turno, por maioria absoluta. Nós, que acompanhamos a miséria daquele estado, sabemos que os Sarney’s fazem daquelas terras maravilhosas o quintal de sua casa e usam o povo ingênuo para serví-los e mantê-los no poder. E mesmo assim são eleitos. Povo marcado, povo feliz. E viva a ignorância!

Falando em ignorância, este é um dos grandes males do “Bolsa-família” e programas assistenciais do governo federal, que dão o peixe mas não ensinam a pescar. Muita gente recusa um emprego para não perder o auxílio governamental. Acham que melhoraram de vida, pois passaram da classe D para a C e já podem comprar uma TV de 42 polegadas, mas continuam sem escolas, saneamento básico e assistência médica de qualidade.

Uma mentira, muitas vezes repetida, acaba virando verdade. O que estão fazendo com a imagem de FHC, Fernando Henrique Cardoso, em quem votaria sem qualquer sombra de dúvida, é algo imperdoável. Amanhã completarei 65 anos, no mesmo dia em que Lula deveria festejar seu aniversário, mas que, felizmente, mudou para o dia 27. Já vi muita coisa acontecer neste país. Quando a revolução aconteceu, em 1964, eu estava trabalhando. Era um sábado. Por coincidência, estava em Laranjeiras, em frente ao Palácio do Governo, na rua Pinheiro Machado, e pude acompanhar o movimento dos tanques cercando o palácio para proteger o governador Lacerda. No ano seguinte, 1965, servia ao exército. Assim, sou testemunha ocular de muita coisa. O governo de Fernando Henrique foi um desses governos de que não se esquece. Vamos relembrar alguns fatos, que muitos não conhecem.

O Brasil vai bem. Todos concordam com isso e a popularidade do presidente Lula é o resultado desta percepção. O que muitos ignoram, é que este processo começou bem antes de Lula tomar posse. Ele apenas deu continuidade à tão criticada política neoliberal de FHC.

Lula encontrou o Brasil com a economia saneada, sem inflação, graças ao Plano Real de FHC, que o PT tanto combateu. Era petista nesta época e não entendia por que era combatido um plano que estava restabelecendo o poder de compra dos salários. Não podia acreditar que tudo era decisão política. Mas toda essa oposição petista não impediu que FHC fosse eleito em 94 e 98.

Lula pegou os cinco programas sociais criados por Fernando Henrique e os juntou em um só, o Bolsa-Família.

Lula e o PT se opuseram à Lei de Responsabilidade Fiscal, que acabou com a gastança de prefeitos e governadores. Ao assumir o Ministério da Fazenda, Antônio Palocci tratou de anunciar que respeitaria essa lei.

Lula e Palocci também anunciaram que haveria um prazo de dois anos para permitir a transição da política econômica de FHC para uma “política dos trabalhadores”. A política de FHC continua sendo executada até hoje, oito anos depois… E ainda acusam FHC de ser “neoliberal”.

Quando comprei a casa em Iguabinha, precisava fazer ginástica para me comunicar com o Rio. Só havia um único telefone público, quase sempre com defeito. Alguns anos antes – alguém lembra? – obter sinal de discagem no centro da cidade era trabalho de paciência e longa espera. E a dificuldade em ligar para São Paulo? “Haverá uma demora aproximada de seis horas. Chamarei depois.” – dizia a telefonista. Hoje ninguém mais usa telegramas. Ainda existe o Western? O PT foi contra a privatização das telecomunicações. Com o monopólio da Telebrás, telefone era item de declaração obrigatória ao Imposto de Renda. Depois da privatização, o telefone celular anda no bolso até das faixas mais pobres da população. Hoje, existem mais celulares no país do que brasileiros.

FHC saneou o sistema financeiro. Depois do Plano Real, grandes bancos perderam receita inflacionária e quebraram. FHC criou o Proer e restabeleceu a confiança dos depositantes. Quando a crise internacional de 2008 bateu aqui, os bancos estavam saneados e não houve a quebradeira que aconteceu nos EUA e Europa.

Vou encerrar a crônica. Já disse o bastante. Não vou conjecturar sobre o futuro mas, com certeza, prefiro um partido que já mostrou que sabe resolver nossos problemas, do que confiar o governo a alguém cujo passado é obscuro, que não conseguiu levar adiante uma loja de produtos de R$ 1,99 e que, como Secretária das Finanças de Porto Alegre, deixou a Prefeitura falida.

Cabe a cada um decidir, lembrando que pode ficar pior. Depende de cada um de nós.

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